terça-feira, 17 de março de 2009

Ciclo Viva l'Italia



Viva l’Italia

Imaginem um relicário do nosso tempo. Um lugar onde fossem guardadas as coisas valiosas de uma época sem valor. Um lugar onde poderíamos reencontrar aquilo que nos alimentou e nos deu sentido quando tudo era crueldade. Uma espécie de lar para nossas ilusões, esperanças, desilusões...
Desde o neo-realismo o cinema italiano tem sido esse lugar. Ele funciona nas nossas vidas como uma espécie de matriarca transbordante de afeto mas que não titubeia em apontar nossas falhas. Seus méritos estéticos são inquestionáveis: a lírica impiedosa dos faroestes e dos filmes de horror o elevaram a condição de objeto de reverência. Mas para além dos filmes de gênero existem os dramas e aqui os autores atingem, através de uma estética do desencanto, a universalidade sublime. O filme se aproxima da vida como em nenhum outro lugar. Os constrangimentos desta ópera de silêncios que costumamos chamar “relações humanas” vem à tona a partir de um realismo árido, vazio e belo que finca suas bases nas feridas de nossa sociedade, nos nossos paramours político-ideológicos e sobretudo na poesia dos sentimentos mais amargos.

Felipe Cruz e Miguel Haoni(APJCC – 2009)


· Ladrões de bicicleta - 05/03/2009
· A doce vida - 12/03/2009
· O eclipse - 19/03/2009
· Nós que nos amávamos tanto - 26/03/2009


Ladrões de Bicicleta

05/03/2009 (quinta-feira)
Às 18h30min
No Auditório da Escola de Governo
(Av. Almirante Barroso, 4314, Souza, ao lado do Colégio Pedroso)
Entrada franca!


Com o fim do fascismo, o cinema italiano libertou-se de sua mordaça ideológica e pôde enfim gritar ao mundo suas dores e miséias. Nascia, com a urgência da fome, o chamado Neo-realismo que, através das obras de Rossellini, Visconti e De Sica, encontrava a expressão maior da ética-estética engajada e melancólica do pós-guerra.No meio de obras-primas como Roma, Cidade Aberta e Terra Treme, Ladrões de Bicicleta destaca-se como o grande cine-poema neorealista. No filme, Vittorio De Sica acompanha a aventura de um homem a quem nada acontece e cujo destino trágico observamos de mãos atadas.O olhar de De Sica levanta o véu sobre os problemas de um país faminto e desmoralizado mas que precisa, tal qual o protagonista, continuar vivendo. Apesar de tudo.


Miguel Haoni(APJCC-2009)




















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