terça-feira, 17 de março de 2009

A doce vida


A doce vida

12/03/2009 (quinta-feira)
Às 18h30min
No Auditório da Escola de Governo
(Av. Almirante Barroso, 4314, Souza, ao lado do Colégio Pedroso)
Entrada franca!


A vida é doce como o melhor vinho, as melhores festas e as mais belas mulheres. Pelo menos para aqueles que sabem saboreá-la. Mas a vida segue e, no dia seguinte, o vazio transforma o prazer em vinagre.
Federico Fellini filma, em 1960, a ressaca da sociedade de consumo através da trajetória do jornalista Marcello (vivido por um econômico e extremamente expressivo Marcello Mastroiani). Através de seus olhos observamos com cumplicidade todas as doenças modernas: o hedonismo furioso do Grand Monde, a velhacaria maquiada de juventude, a espetacularização midiática, a histeria católica, a perda da inocência. Fellini retrata em seu primeiro filme absolutamente pessoal, a sua (e nossa) hipocrisia. Sem constrangimentos.
O diretor utiliza, através de episódios, uma mise-en-scéne inovadora: o desfile bizarro e excessivo de imagens e sons funciona como alegoria para o universo vazio e neurótico do homem. Esta talvez seja a sua grande marca e surge precisamente neste filme inesquecível como um beijo negado.
A Doce Vida é o registro de um mundo encalhado e morto na miserável praia do nosso tempo e nos acompanhará para sempre como o sabor amanhecido da vergonha.

Miguel Haoni (APJCC - 2009)

Ciclo Viva l'Italia



Viva l’Italia

Imaginem um relicário do nosso tempo. Um lugar onde fossem guardadas as coisas valiosas de uma época sem valor. Um lugar onde poderíamos reencontrar aquilo que nos alimentou e nos deu sentido quando tudo era crueldade. Uma espécie de lar para nossas ilusões, esperanças, desilusões...
Desde o neo-realismo o cinema italiano tem sido esse lugar. Ele funciona nas nossas vidas como uma espécie de matriarca transbordante de afeto mas que não titubeia em apontar nossas falhas. Seus méritos estéticos são inquestionáveis: a lírica impiedosa dos faroestes e dos filmes de horror o elevaram a condição de objeto de reverência. Mas para além dos filmes de gênero existem os dramas e aqui os autores atingem, através de uma estética do desencanto, a universalidade sublime. O filme se aproxima da vida como em nenhum outro lugar. Os constrangimentos desta ópera de silêncios que costumamos chamar “relações humanas” vem à tona a partir de um realismo árido, vazio e belo que finca suas bases nas feridas de nossa sociedade, nos nossos paramours político-ideológicos e sobretudo na poesia dos sentimentos mais amargos.

Felipe Cruz e Miguel Haoni(APJCC – 2009)


· Ladrões de bicicleta - 05/03/2009
· A doce vida - 12/03/2009
· O eclipse - 19/03/2009
· Nós que nos amávamos tanto - 26/03/2009


Ladrões de Bicicleta

05/03/2009 (quinta-feira)
Às 18h30min
No Auditório da Escola de Governo
(Av. Almirante Barroso, 4314, Souza, ao lado do Colégio Pedroso)
Entrada franca!


Com o fim do fascismo, o cinema italiano libertou-se de sua mordaça ideológica e pôde enfim gritar ao mundo suas dores e miséias. Nascia, com a urgência da fome, o chamado Neo-realismo que, através das obras de Rossellini, Visconti e De Sica, encontrava a expressão maior da ética-estética engajada e melancólica do pós-guerra.No meio de obras-primas como Roma, Cidade Aberta e Terra Treme, Ladrões de Bicicleta destaca-se como o grande cine-poema neorealista. No filme, Vittorio De Sica acompanha a aventura de um homem a quem nada acontece e cujo destino trágico observamos de mãos atadas.O olhar de De Sica levanta o véu sobre os problemas de um país faminto e desmoralizado mas que precisa, tal qual o protagonista, continuar vivendo. Apesar de tudo.


Miguel Haoni(APJCC-2009)




















terça-feira, 3 de março de 2009

O sonho de Cassandra


26/02/09 (quinta-feira)

Às 18h30min

No Auditório da Escola de Governo

(AV. Almirante Barroso, 4314, Souza, ao lado do Colégio Pedroso)

Entrada franca!

O sonho de Cassandra – diferente de Scoop, seu filme anterior – respira dentro da obra de Woody Allen. O bom e velho amigo tem algo a dizer. Na sua filmografia se segue, há tempos, uma repetição de si (também chamado de estilo). “Crimes e pecados” se reflete mais uma vez, depois de Match Point, neste recente filme; mas não é só isso. O irônico Woody já tem a tranqüilidade e a maturidade pra poder brincar sério. Desde a trilha de Glass e o sotaque britânico puxadíssimo, ele ambienta o filme na Inglaterra, longe do Brooklin, longe dos velhos temas pessoais, Allen pode brincar com a vida, pode falar sério, brincando. Brincando de ser inglês, de novo; desta vez acertando.
Existe a tendência de rotular fases na carreira de Woody Allen, sendo a atual classificada como sua fase “fora de Nova York”, e ponto. Essa idéia ganha força com o tema que é comum aos seus três últimos filmes: o crime. Os textos pré-fabricados de grande parte da crítica sobre Allen - que se repetem mais do que o próprio diretor se repetiu nos últimos anos -, não se dão ao trabalho de observar as nuances de algumas de suas obras, pois o olhar já está treinado para identificar as características “clássicas” de um “legítimo” Woody Allen - a marca, e não o autor. E qualquer um que ASSISTA Sonhos de Cassandra percebe que o que temos é um filme de sutilezas, e de uma grandeza madura-reflexiva-irônica.
Uma trama é estabelecida dentro do mundo que conhecemos, nada de novo, os bons e velhos temas shakespearianos: poder, ganância, família, crime. Um Woody realista, ao extremo. Allen nos mostra – através da mise-en-scène, apresentação dos personagens, montagem - que a nossa tragédia é só mais uma, de milhões que acontecem todos os dias.

Mateus Moura (retirado do texto “Um Shakespeare escrito por um leitor de Tolstoi que discute Sófocles, diretamente do Brooklin”, co-escrito com Felipe Cruz)


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Site oficial de Woody Allen

Não sou rato de internet – confesso que pesquisei pouquíssimo pela web –, mas duvido que exista um site tão completo sobre o Woody Allen quanto à página oficial do mesmo. Então, segue a dica para aqueles que querem conhecer melhor a obra do homenageado do mês pelo Cine EGPA.

PS: O site oficial de Woody Allen está inteiramente em língua inglesa. Goodbye!

Link do site oficial de Woody Allen: http://www.woodyallen.com/

Maridos e esposas




Dia 12/02/09 (quinta-feira)
Às 18h30min
No auditório da Escola de Governo do Estado do Pará
(Av. Almirante Barroso, 4314, Souza, ao lado do Colégio Pedroso)
Entrada franca!

Poucas coisas na vida são tão potencialmente dramáticas quanto o fim de um relacionamento. O orgulho ferido, a saudade, as diversas idas e vindas, tudo adquire contornos tragicômicos e até o mais sólido dos indivíduos desmancha-se ao encarar este tipo de situação.
Woody Allen, que sempre se interessou pelo assunto, desenvolveu grande parte de sua obra lançando um olhar arguto aos limites das relações amorosas. No ano de 1992, entretanto, o diretor demonstrou um nível incomum de compreensão e sensibilidade ao filmar Maridos e Esposas. A abordagem da trama não só revela um dramaturgo amadurecido como um esteta empenhado que, através do falso-documentário e da câmera na mão, desnuda os constrangedores desdobramentos da vida de casado.
O Cine EGPA tem o orgulho de levar ao público esta inquietante e quase desconhecida obra sobre a crueldade e o lirismo daquilo que chamamos amor.

Miguel Haoni (APJCC, 2009)



Cine EGPA apresenta: Desconstruindo Woody Allen


Existem imagens que, de tão fortes, se tornam familiares antes mesmo de um mergulho ontológico. Um vagabundo com um bigode estranho, sapatos largos, bengala e chapéu-coco; um homem barbudo com unhas imensas, capa, cartola e um falar estranho num discurso profético.
Existem ícones cinematográficos, rostos, corpos que se tornam mitos. Woody Allen é o little man de óculos pretos de aros grossos, roupas desajeitadas, neurótico, nova-iorquino, emocionalmente abalável, cético, sarcástico, depressivo... este o ser-ícone criado, imortalizado na imagem-corpo de um autor, escritor, ator; que se expressa, entre outras linguagens, através do cinema – a que nos interessa.
Desconstruir Woody Allen é como desmontar um quebra-cabeça. Ao remontar, observaremos a imagem familiar (estranha) com outros olhos, já iniciados nos espaços onde as peças se encaixam, onde as peças faltam e onde as peças são nossas.
Mateus Moura (APJCC, 2009)

Noivo neurótico, noiva nervosa

Dia 05/02/09 (quinta-feira)
Às 18h30min
No auditório da Escola de Governo do Estado do Pará
(Av. Almirante Barroso, 4314, Souza, ao lado do Colégio Pedroso)
ENTRADA FRANCA!

O nome de Woody Allen vem sempre à nossa mente acompanhado de outras imagens: jazz, humor, dramas afetivo-sexuais, o mundinho intelectual nova-iorquino, mulheres, neurose, etc. “Noivo neurótico, noiva nervosa” é provavelmente o trabalho que melhor incorpora esses fatores. Ao acompanhar todas as fases do relacionamento entre o comediante Alvy Singer (Allen) e a “bela” cantora Annie Hall (Diane Keaton), o ainda jovem diretor nos apresenta diálogos hilariantes, cenas de uma sensibilidade única e interpretações marcantes. Um Woody Allen essencial para todos aqueles que amam o cinema, “Noivo neurótico, noiva nervosa” nos deixa duas certezas: 30 anos depois poucos falaram sobre relacionamento como esse judeu do Brooklin e ninguém, na opinião de muitos, foi tão brilhantemente engraçado ao fazê-lo.
Felipe Cruz (Cine UEPA, 2007)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O que é o Cine EGPA?

O Cine EGPA é um projeto que pretende por intermédio da linguagem cinematográfica gerar reflexão acerca do próprio cinema e dos problemas inerentes ao homem, permitindo o acesso tanto dos servidores públicos quanto da sociedade em geral a uma programação de filmes com regularidade, qualidade e construída democraticamente com estudiosos de cinema, artistas, movimentos sociais e, também, por todos aqueles que vêem no cinema uma forma de entretenimento, de leitura crítica da realidade e de grande arte. Resultado de uma parceria entre a Escola de Governo do Estado do Pará (EGPA) com a Fox Vídeo, Associação dos Críticos Cinematográficos do Pará (ACCPA) e Associação Paraense dos Jovens Críticos de Cinema (APJCC), a programação ocorre todas às quintas-feiras, às 18h30min, no auditório da EGPA que fica localizado na Av. Almirante Barroso, n° 4314, Souza, no antigo asilo Dom Macedo Costa. Entrada Franca!